Um novo ano, uma antiga providência
Um novo ano está à frente, mas depois de um período de tantas adversidades, há um tom de incerteza quanto ao futuro. Em momentos assim, como pode nos beneficiar saber da providência de Deus?
Um novo ano está à frente, mas depois de um período de tantas adversidades, há um tom de incerteza quanto ao futuro. Em momentos assim, como pode nos beneficiar saber da providência de Deus?
Sei que temos tratado de maneira recorrente da providência de Deus. Entretanto, é um assunto muito oportuno diante de tantas adversidades.
2020 foi um ano excepcionalmente difícil. Muitos perderam o emprego ou tiveram sua renda diminuída. Alguns viram seus planos e projetos adiados ou até definitivamente desfeitos. Outros ficaram doentes ou perderam amigos e parentes durante a pandemia devido ao próprio vírus. Assim, é natural as pessoas serem levadas a pensar sobre como Deus pôde permitir algo tão devastador para a humanidade.
Depois de um período de tantas adversidades, até mesmo a chegada de um novo ano, que usualmente é coberta de muitos votos de otimismo, fica de certa forma afetada, e há certo tom de incerteza sobre o que se deve esperar para o futuro. A Bíblia, porém, nos ensina que podemos continuar confiando em Deus em todo tempo e situação, pois Ele governa o mundo que criou através da Sua providência. Nada que aconteceu saiu do Seu controle e tudo Ele usa para cumprir os Seus propósitos. Assim como 2020 não O pegou de surpresa, aquilo que 2021 nos reserva também está nas mãos de Deus.
O Catecismo de Heidelberg ensina o seguinte sobre a providência divina.
Pergunta 27: O que você entende por “providência de Deus”?
Resposta: A providência de Deus é o Seu onipotente e onipresente poder, por meio do qual, com as Suas mãos, Ele sustenta continuamente o céu e a terra e todas as criaturas, governando-os de tal modo que ervas e plantas, chuva e seca, abundância e escassez, comida e bebida, saúde e doença, riqueza e pobreza, todas as coisas, na verdade, não nos vêm por acaso, mas procedem da Sua mão paternal.
Pergunta 28: Que benefício há em sabermos que Deus criou todas as coisas e que continuamente as sustenta pela Sua providência?
Resposta: Podemos ser pacientes na adversidade, agradecidos na prosperidade e podemos, quanto ao futuro, confiar firmemente em nosso Deus e Pai fiel, porque criatura alguma poderá nos separar do Seu amor, pois todas elas estão de tal modo em Sua mão que sem a Sua vontade elas não podem nem mesmo se mover.
As afirmações do Catecismo não podem ser interpretadas de modo a nos levar a acreditar no que diz o famoso reggae de Bob Marley. Ele cantava:
“Não se preocupe com nada, porque toda pequena coisa vai ficar bem.” (Bob Marley, Every Little Thing Is Gonna Be All Right)
A providência de Deus também prevê que até mesmo a seca, a escassez, a doença e a pobreza procedem do Senhor. Desse modo, a confiança na providência divina é muito diferente do que pregam as variadas correntes de auto-ajuda, tais como a teologia da prosperidade, ou sua versão mais rebuscada de aparência menos materialista chamada de coaching motivacional, ou das leis da atração, de pensamento positivo, dentre outros. Tais práticas e ensinos têm seu foco centrado na ação, nos desejos e no controle do homem sobre sua própria sorte, em suas habilidades e na crença de que tudo ficará bem se assim acreditarmos: basta pensar positivamente, atrair as riquezas que desejamos, declarar [pela fé] sua existência e agir conforme nossos sonhos.
Esses são ensinos antibíblicos. Ideias que colocam o ser humano no centro de sua própria história e no controle de seu destino. Não passam de concepções sopradas por demônios.
Jesus mesmo alertou Pedro de que este estava cedendo às cogitações do diabo quando não aceitou que o Cristo deveria sofrer muitas coisas, ser morto e ressuscitar no terceiro dia. O Evangelho de Mateus nos diz que o apóstolo repreendeu o Senhor, pensando que coisas ruins não Lhe poderiam suceder.
“Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá.” (Mateus 16.22)
Contudo, voltando-Se, Jesus disse a Pedro:
“Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.” (Mateus 16.23)
O modus operandi do inimigo não é diminuir a soberania de Deus e tomá-la para si, mas depositá-la no ser humano. Tal pensamento nasceu nos lábios da serpente lá no Jardim do Éden, e continua ressoando nos ouvidos humanos até hoje: “Sereis como Deus!”
Os que foram mais afetados pelo terrível ano de 2020 podem questionar o que Deus quis fazer com suas vidas a partir das mazelas que os alcançaram. É um modo equivocado de se refletir. Nem eu nem você somos o centro da história. Deus não permitiu uma pandemia preocupado com sua ou minha história individual. Os acontecimentos do mundo são desdobramentos da grande história de redenção em que Jesus é o centro.
Bob Dylan colocou assim na composição de sua música When He Returns:
“De todo plano terreno que é conhecido do homem
Ele está despreocupado.
Ele tem Seus próprios planos de estabelecer Seu trono
Quando Ele retornar.”(Bob Dylan, When He Returns)
Na Bíblia, há a promessa de paz incondicional para o cristão, uma vez que está reconciliado com seu Criador, mas não há garantia de perfeição nesta vida. Ao contrário, há a certeza:
“No mundo, passais por aflições.” (João 16.33b)
A providência divina nos traz conforto por meio do que Cristo fez por nós, pois Jesus continua:
“Tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (João 16.33c)
Essas palavras são precedidas pela afirmação:
“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim.” (João 16.33a)
Os sofismas humanos, por sua vez, baseiam sua esperança na centralidade do homem em si mesmo: “Tende bom ânimo; você é um vencedor e as coisas darão certo!”
Deus rege o mundo e a história desde que o tempo é tempo e o mundo é mundo. A nossa alegria e tranquilidade não devem ser reflexo de uma confiança em nossos planos ou em nossa capacidade. Devem vir de saber que a providência divina é uma realidade constante e imutável. O Salmo 46 nos lembra:
“Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares;
ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam.
Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo.” (Salmo 46.2-4)
O ano é novo, mas a providência é antiga. Deus está no trono!
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